Deu no Globo
SÃO PAULO - A delegacia da cidade de Salto, a 97 km da capital paulista, onde uma mulher foi assaltada na semana passada amanheceu arrombada nesta segunda-feira. A porta foi arrombada, vidros foram quebrados e arquivos e gavetas foram revirados. A delegacia não funciona nos fins de semana - abre das 8h às 18h, de segunda a sexta. Niguém fica de plantão, não há serviço de vigia e não há alarme ou câmeras de segurança instalados.
Na primeira verificação, não foi constatado o sumiço de nenhum documento. O inquérito que investiga o roubo da comerciante, vítima do crime "saidinha de banco", estava na delegacia central e a unidade arrombada tinha uma cópia.
Na semana passada, a Corregedoria de Polícia instaurou inquérito para apurar o assalto a uma comerciante dentro da delegacia. A comerciante havia sacado R$ 13.500 em um banco e seguiu para a unidade policial para registrar ocorrência sobre um celular clonado. Mas foi seguida por dois homens em uma moto desde a saída do banco. Abordada dentro da delegacia, ela lutou com os ladrões para impedir que eles levassem a bolsa com o dinheiro que havia sacado no banco. Não adiantou: foi ameaçada e roubada. Segundo ela, nenhum policial tentou impedir a ação dos bandidos.
- Entrou um rapaz alto e forte: 'Eu quero a bolsa'. Ele puxou de um lado, eu puxei de outro. Arremessei por cima do balcão. Passou por cima das atendentes e caiu do lado de dentro. Ele subiu no balcão, pulou para o lado de dentro. Eu pendurei nele. Quando viu que não se livrava de mim de jeito nenhum, ele gritou para o comparsa: "Atira nela!". Aí eu soltei.
A mulher foi arrastada até a porta da delegacia e ameaçada. Ficou com o braço machucado. Ela afirma que duas policiais e um escrivão estavam na delegacia não fizeram nada. Depois, o escrivão disse, segundo a comerciante, que não interferiu porque achou que era uma "briga de marido e mulher".
O delegado André Moron, da Seccional de Sorocaba, afirmou que o assalto foi muito rápido e que não houve tempo hábil para os policiais reagirem. Segundo ele, a mulher foi assaltada logo na recepção, houve luta rápida e os ladrões fugiram com a bolsa da vítima.
- Uma atendente dava as primeiras informações a quem chegava. Uma carcereira registrava e arquivava documentos. O escrivão trabalhava em seus inquéritos. Não é verdade que ninguém fez nada. Não houve tempo hábil para reação - afirmou Moron.
Para o delegado, os ladrões não sabiam que naquele local funcionava uma delegacia.