terça-feira, 6 de abril de 2010

SIBUTRAMINA

Há vááááários dias tem chegado gente no meu consultório preocupada com a suspensão da SIBUTRAMINA na Europa. Por considerar que este é um assunto de interesse geral,vou publicar aqui o posicionamento da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).Estou às ordens para os esclarecimentos que estiverem ao meu alcance!!!

Posicionamento Oficial da SBEM

A obesidade constitui uma doença crônica de caráter neuroquímico, progressivo e recidivante. O seu tratamento visa uma redução ponderal com fins de prevenção, melhora, controle ou mesmo reversão das doenças associadas, tais como o diabetes, a hipertensão e a dislipidemia.

As principais causas de morte na obesidade, independente do tratamento, são as doenças cardiovasculares, dentre elas a doença arterial coronariana, doenças cerebrovasculares e arritmias cardíacas.

A abordagem clinica da obesidade fundamenta-se em uma combinação equilibrada de um programa de modificação dietética e comportamental com exercícios físicos, associada ou não ao uso responsável de medicamentos.

Diante de poucas medicações disponíveis, a sibutramina constitui uma excelente opção que combina eficácia, segurança e fácil manejo clinico por médicos com experiência na área de obesidade.

A perda de peso significativa obtida com o uso da medicação, demonstrada nos estudos anteriores ao Scout, justifica seu uso para o tratamento da obesidade.

A retirada da sibutramina do mercado europeu foi precipitada, pois se baseia em dados já conhecidos do estudo Scout (Sibutramine Cardiovascular OUTcome), no qual 11,4% dos pacientes que utilizaram a sibutramina tiveram um evento cardiovascular, em comparação com 10% dos que tomaram placebo. O estudo incluiu cerca de 10.000 doentes com 55 anos ou mais e história de doença cardiovascular ou diabetes tipo 2 com um fator de risco cardiovascular adicional.

Por outro lado, a extrapolação destes dados pode ser vista como contraditória. O uso da sibutramina como coadjuvante do tratamento pode trazer uma redução do risco para pacientes que não tenham a doença cardiovascular clinicamente estabelecida, podendo preveni-la ou impedir a sua progressão.

Lembremos que a advertência quanto ao uso da sibutramina em pacientes com doença cardiovascular sempre existiu e a bula do medicamento afirma explicitamente que o medicamento não deve ser utilizado em pessoas com história de doença cardiovascular.

Acreditamos que nossos órgãos regulatórios precisam reforçar a advertência de que a sibutramina não deva ser usada por doentes com doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial não controlada, arritmias e outros problemas cardiovasculares graves.

Departamento de Obesidade da SBEM
ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica